Terminei de ler O Amante de Lady Chatterley de D.H. Lawrence com a clara sensação de que me teria sido muito útil durante a adolescência. Tenho a certeza de que teria percebido muito menos e gostado muito mais. Em algumas passagens parece mesmo ter sido escrito por um adolescente, com alguns dos mitos adolescentes sobre o sexo. É um livro moderno em muitas das ideias e clássico nos ambientes. Tenho alguma curiosidade para folhear a edição portuguesa para ver como é que o pobre tradutor se safou com as frases ditas com calão e sotaque de Derbyshire como esta: “Tha’rt good cunt, though, aren’t ter? Best bit o’ cunt left on earth. When ter likes! When th ‘rt willin’!”
segunda-feira, 11 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
Paradise Road
Passámos o dia em Richmond, uma pequena cidade perto de Londres e também atravessada pelo Tamisa. O rio é aí menos largo, mais acolhedor, igualmente turvo. Há pequenos barcos a remos a atravessarem os arcos das pontes e crianças nas margens a atirarem pão duro às aves aquáticas. No final do dia, quando preparávamos o regresso a casa, percebemos que a saída do parque de estacionamento desemboca directamente na Paradise Road e em frente da casa onde Leonard e Virginia Woolf viveram e fundaram a Hogarth Press. Já tinha lido muitas descrições da casa no diário pessoal de Virginia e imaginava um ambiente muito mais campestre, como provavelmente seria há quase cem anos quando ela lá viveu. A casa fica agora numa das zonas mais desinteressantes de Richmond. Está um pouco afastada do rio, mas não demasiado, que Woolf sempre gostou de ter um curso de água disponível para os dias mais tristes.
Electric Cinema
Continuei ontem à noite a minha descoberta pelos cinemas independentes da parte ocidental da cidade. O Electric Cinema fica a meio de Portobello Road, entre bares e pequenas lojas de comércio tradicional. Entra-se por uma pequena porta para uma sala ampla, de aspecto antigo, com filas de pequenos sofás de pele, demasiado confortáveis para quem tem andado a dormir pouco. Existe até a possibilidade de se reservar um sofá de dois lugares, no fundo da sala. A maioria dos cinemas tem um bar à entrada, onde os clientes se abastecem com todos os tipos de bebidas. No Electric Cinema, o bar fica no interior da própria sala. No longo período de projecção de publicidade e apresentações que antecede o filme, os clientes servem-se no bar de copos de vinho tinto, acompanhados por pratos com fatias de queijo, champanhe, martinis, etc. Só a escolha dos filmes não condiz com este ambiente alternativo. Vi o Source Code, com o Jake Gyllenhaal e a Michelle Monaghan, que só se salva mesmo pela Michelle Monoghan. No final caminhei a pé pelos bairros residenciais de Notting Hill a caminho de casa, numa das primeiras noites de verdadeira primavera em Londres.
Subscrever:
Mensagens (Atom)