Há longos períodos em que não me apetece escrever. Quando ouço alguém que diz que sente um impulso físico para a escrita, não sinto sequer inveja, apenas distanciamento e curiosidade, como se estivessem a dizer que são canhotos ou que conseguem tocar com a ponta do polegar no pulso, características que não possuo e me deixam indiferente. Rimbaud remeteu-se ao silêncio público muito novo, mas já tinha escrito o suficiente para uma vida. Eu vou interrompendo o silêncio de forma intermitente, quando quase toda a gente perdeu a esperança de ver aparecer uma data mais recente nos posts do blogue. Se querem saber o que fiz entretanto, basta consultarem o calendário do Mundial. Estive a torcer por equipas que foram sendo sucessivamente eliminadas e agora já só me restam os uruguaios. Também fui tendo tempo para me deitar na relva, de vez em quando, na parte de trás da nossa casa, enquanto os miúdos partilhavam a piscina insuflável dos vizinhos de baixo. Chegam-me notícias do calor em Lisboa, demasiado calor, dizem-me, como se me quisessem consolar.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
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2 comentários:
Agora já nem o Uruguai, portanto, podes escrever mais um bocadinho, ou então embebedares-te numa sabática prolongada e escreveres em pouco tempo tudo o que uma vida comporta. Não, é melhores ires escrevendo aos poucos.
Sou canhota!
Isabel
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