quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tendo passado a infância e adolescência em escolas de Linha de Sintra, não há praticamente nada que não tenha visto ser feito numa sala de aula. Vi professores a chorar, alunos a sairem pela janela ou a jogarem futebol no fundo da sala. Talvez tenha existido uma época idílica em que os estudantes levavam maçãs polidas aos professores e recitavam a tabuada dos sete de pé ao lado da carteira (segundo a minha mãe, até saudavam os professores de braço estendido todas as manhãs), mas isso foi muito antes do meu tempo. E, apesar da aparente insegurança, desde pelo menos os oito anos que passei a ir sozinho para a escola com os meus amigos, num percurso que, a partir do Secundário, incluia uma viagem de comboio que passávamos a trocar cassetes de música ou em coreografias de indiferença com o sexo oposto. Na verdade, na memória selectiva daqueles tempos, só quase me consigo lembrar das tardes de terça-feira passadas a ler o Blitz, das longas conversas atrás do pavilhão com os amigos e dos nomes das raparigas por quem quase morri de amor, vez após vez. Dizem-me que as coisas estão piores, muito piores. É verdade, o Blitz acabou, já não há mais pregão da semana.

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