segunda-feira, 2 de maio de 2011

Comunidade

A nossa cama é cada vez mais uma jangada à deriva, à qual os filhos, um a um, vão subindo a meio da noite, perturbados pelos pequenos naufrágios da infância: um pesadelo, um barulho real ou imaginário no andar de cima, uma bexiga cheia ou esvaziada nos lençóis. Voltamos a levá-los para a respectiva cama quase de imediato, depois de confortados. Por vezes, quando a visita ocorre naquela hora indecisa em que é tarde demais para voltarem a dormir e cedo demais para ficarem acordados, deixamo-nos ficar os quatro estendidos, cada um voltado para a sua própria forma de inconsciência. Um sono leve, sempre alerta para os pequenos cotovelos e calcanhares espetados periodicamente nas costelas e no rosto. Está longe de ser a Comunidade de Luiz Pacheco, mas não deixa de ser uma boa forma de começar uma manhã de fim-de-semana.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tal & Qual :)

Beijinhos e saudades,

Isabel