Em World’s End há um relógio com ponteiros que rodam na direcção contrária, com bastante velocidade. Podemos ficar parados do outro lado do passeio a ver o tempo andar para trás, com nostalgia ou horror, dependendo dos sentimentos com que encaramos o passado e o futuro. O relógio foi colocado na fachada da loja que pertence ainda a Vivienne Westwood, numa das diversas remodelações de um espaço que ajudou a nascer o movimento punk. Apesar de ser uma apenas uma coincidência geográfica, imagino que o relógio seja também objecto da inveja dos vizinhos do lado, no edifício azul que serve de sede ao Chelsea Conservative Club.sábado, 10 de setembro de 2011
Em World’s End há um relógio com ponteiros que rodam na direcção contrária, com bastante velocidade. Podemos ficar parados do outro lado do passeio a ver o tempo andar para trás, com nostalgia ou horror, dependendo dos sentimentos com que encaramos o passado e o futuro. O relógio foi colocado na fachada da loja que pertence ainda a Vivienne Westwood, numa das diversas remodelações de um espaço que ajudou a nascer o movimento punk. Apesar de ser uma apenas uma coincidência geográfica, imagino que o relógio seja também objecto da inveja dos vizinhos do lado, no edifício azul que serve de sede ao Chelsea Conservative Club.quarta-feira, 7 de setembro de 2011
O caçador solitário
A escolha dos livros é quase sempre ditada por motivos pouco racionais. Muitas vezes somos atraídos pelo título. Em outros casos, passa-se exactamente o contrário. The Heart is a Lonely Hunter (O Coração é um Caçador Solitário) da Carson McCullers é provavelmente o melhor livro com o pior título da história da literatura universal. Andei com ele na mão e dentro da mochila durante parte das férias, pousando-o sempre de capa para baixo, com uma vergonha de que me envergonho. Uma das personagens centrais do romance é um mudo chamado Singer. É um livro complexo, maduro, publicado quando McCullers tinha 23 anos. Saber isso irrita-me, com uma inveja de que me envergonho também.
O tratador de animais
No cruzamento para o Carvalhal existe uma barraca de madeira cheia de velharias. Enquanto vagueávamos por entre móveis baços e todo o tipo de objectos antigos, a L. e o D. davam festas ao gato do dono do negócio, um senhor simpático e sem um braço. Disse-nos que também gostava muito de bichos. Contou-nos mesmo que o seu trabalho anterior tinha sido como tratador de animais, até ao acidente o ter obrigado a voltar-se para as velharias. Apesar da curiosidade, não chegámos a perguntar-lhe se tinha sido um acidente no trabalho e de que tipo de animais tratava o homem agora sem um braço. Trouxemos connosco uma balança antiga de padaria e uma tina de latão. O banco de igreja, com sítios distintos para sentar e ajoelhar, não cabia na bagageira.
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