Estou a ler uma biografia de William Gladstone, um dos políticos britânicos mais influentes da segunda metade do século XIX. Era um homem meticuloso, que mantinha o seu diário sempre actualizado com pormenores da sua vida pessoal e profissional. Era também bastante religioso e, como tal, com uma percepção muito forte do pecado, que não se abstinha de praticar. Os temas da fraqueza perante as tentações e da culpa são recorrentes nas entradas do diário. Numa tentativa de cura, elaborou uma lista de:
Formas de pecar: 1. Thought, 2. Conversation, 3. Hearing, 4. Seeing, 5. Touch, 6. Company.
Alturas em que estava mais receptivo ao pecado: 1. Idleness, 2. Exhaustion, 3. Absence from usual place, 4. Interruption of usual habits of time, 5. Curiosity of knowledge, 6. Curiosity of sympathy.
Formas de contrariar as tentações ou expiar os pecados: 1. Prayer for blessing on any act about to be done, 2. Realising the presence of the Lord crucified & Enthroned, 3. Immediate pain.
Em resumo, Gladstone frequentava prostitutas e depois autoflagelava-se, não em sentido figurado, mas mesmo com uma chibata. E julgo que é essa a descrição mais fiel da sociedade vitoriana, uma mistura de puritanismo e libertinagem, de culpa e tentativa de absolvição, ambas recorrentes e sem significado.
terça-feira, 22 de junho de 2010
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