quarta-feira, 9 de junho de 2010

O tempo em Londres é muito instável. A primeira coisa que se percebe é que nunca ninguém corre quando é surpreendido por um aguaceiro súbito, como se fosse má educação reparar que está a chover. Já vi pessoas de camisa colada ao corpo a andarem à chuva como se estivessem a passear por um prado no sul de França em pleno Agosto. Ninguém exibe, como eu, um ar de pânico ou começa a correr por entre as poças de águas em busca de um parapeito ou de uma porta aberta, como se fugisse à polícia. Lembro-me de, com seis ou sete anos ter discussões filosóficas com os meus amigos, que só os miúdos dessa idade conseguem ter, sobre se nos molhávamos mais se continuássemos a andar devagar ou se corrêssemos, com cálculos complexos sobre a dinâmica das gotas de água. Os britânicos parecem ter tomado posição pela primeira teoria há bastante tempo. Hoje, na hora de almoço, uma chuvada surpreendeu-me em pleno parque e, para não ser mal-educado, continuei a andar normalmente. O meu pai costuma dizer que chuva civil não molha militar, mas eu nem à inspecção fui e por isso cheguei ao trabalho num estado lastimável. O casaco está agora pendurado, a secar, enquanto escrevo.

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