segunda-feira, 29 de julho de 2013

London, London

No romance England, England, Julian Barnes imagina a transformação da ilha de Wight num gigantesco parque temático, construído com o objectivo de reproduzir a própria Inglaterra. Pagando o bilhete, os turistas podem visitar réplicas dos principais monumentos e ter acesso a alguns dos símbolos e ambientes que caracterizam a identidade nacional. Para os visitantes, a ideia de Inglaterra acaba por tornar-se mais real no parque, onde tudo é perfeito e os objectos são coincidentes com a imagem prévia com que partiram de casa, do que no próprio país.

Ao passar pela Abadia de Westminster, a caminho de uma reunião, e depois pelo Palácio de Buckingham, no regresso, navegando sempre por entre as correntes compactas de turistas, confirmei a ideia de que, longe do território da ficção, também a cidade de Londres tem vindo a transformar-se num parque temático de si própria, com membros da realeza aprisionados nas personagens que lhes criaram e a organização de eventos especiais quase todos os anos: casamento real, jogos olímpicos, bodas de diamante da rainha, nascimento real. Como me acontece com frequência, também aqui sou apenas mais um figurante, não remunerado e discreto, que caminha pelos parques de regresso ao trabalho.

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