Boa parte dos meus textos têm uma natureza meteorológica. Falar do tempo é uma forma de manter uma conversa quando não se tem assunto. Para além desse aspecto, é verdade que a mudança de Lisboa para Londres é acompanhada por uma maior consciência em relação ao clima. As estações do ano são mais marcadas e as paisagens dos extensos parques públicos mudam de semana a semana. Pelo termómetro, estão -4º C lá fora, o relvado está coberto por uma fina película de gelo. De forma aparentemente paradoxal, nunca passei tão pouco frio no Inverno. As casas estão preparadas para a época e não preciso de andar a arrastar um aquecedor pela trela de uma divisão para a outra ou de ver televisão enrolado numa manta. Quando saimos, com mais camadas de roupa que uma varina da Nazaré, o frio entranha-se com uma força revigorante, como os banhos de mar no primeiro dia do ano a que assistimos pelo telejornal. Um mergulho rápido nas ruas de Londres e depois o regresso ao aquecimento central.
(*Título emprestado por Charles Simic)
domingo, 28 de novembro de 2010
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1 comentário:
Há pior: em Bruxelas estão -2, and counting.
Nunca passei tanto frio como em Portugal, onde até os lençóis da cama estão húmidos...
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