quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Novo Concerto Estratégico

Os Arcade Fire entraram em palco como um grupo de saltimbancos que toma de assalto a praça central de uma vila medieval, com uma troca incessante de instrumentos entre os elementos da banda e alguns sinais exteriores de loucura. O O2 Arena estava totalmente cheio. É um espaço mais ou menos do tamanho da Pavilhão Atlântico, se percebem o que quero dizer. A Cimeira da Nato deve ter sido boa, aprovou-se um novo conceito estratégico, etc., mas não teve um encore de duas músicas com o público todo a cantar. No final do concerto seguímos a multidão até à estação de metro mais próxima com a primeira neve do ano a cair-nos em cima.

Falar de dois concertos num espaço de tempo reduzido pode transmitir a ideia enganadora de uma vida social intensa, quando se trata apenas de uma coincidência estatística no meio dos dias domésticos e ritualizados. Escurece cedo e está frio. Os inícios das noites são passados a tentar domesticar o D. e a servir de trampolim à L. Depois, com os dois já na cama, sinto-me cansado e satisfeito como no final de um dia de praia.

Nota sobre o aparente uso do plural majestático: Tanto quanto sei, não existe uma única gota de sangue aristocrático na minha família. Parte dos meus textos são escritos no plural porque incluem de modo implícito a J. Na maioria dos casos, é mesmo ela a principal instigadora das nossas saídas, sempre pronta a tentar-me com bilhetes para concertos e anotações coloridas na agenda cultural.