sexta-feira, 13 de abril de 2012
The Robben Island Bible
No final dos anos 70, os prisioneiros políticos do ANC circularam entre si uma edição das obras completas de Shakespeare, disfarçada de livro religioso hindu. Cada prisioneiro sublinhou a sua parte favorita e assinou à margem. Nelson Mandela escolheu uma passagem de Julius Cesar, Walter Sisulu de The Merchant of Venice, Govan Mbeki de Twelfth Night. Trinta e duas pessoas assinaram o livro que se tornou conhecido como The Robben Island Bible. O acto subversivo de ler Shakespeare nas celas de uma prisão sul-africana passou felizmente impune. Num passeio por uma das ruas transversais de Portobello Road encontrei também eu uma edição antiga das obras completas. Paguei 3 libras pelas 1080 páginas encadernadas com capa dura. Afastei-me com a sensação de ter acabado de roubar um bem precioso. Hoje sublinhei a mesma frase de The Tempest que Billy Nair nos anos 70: This island’s mine, by Sycorax my mother.
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2 comentários:
Lindo! Eu também teria a mesma sensação de estar roubando uma preciosidade. às vezes, andando pelas ruas do Centro do Rio, passo pelo Real Gabinete e lembro que ali era refúgio de grandes escritores como Machado de Assis. Nunca tive coragem de entrar, é como se eu, pecadora, entrasse no Santo dos Santos. Tenho medo de ser fulminada. Um dia eu vou perder o medo e farei de lá também o meu refúgio.
e, lógico, entrei aqui por conta da Tempestade. Desculpe a intromissão. Só enquanto o tempo não seca.
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