terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Just like Sister Ray says...

Numa cidade com a dimensão de Londres, sem um centro muito definido, cada habitante tem de ir construindo a sua carta de navegação pessoal. Existem muitas livrarias, por exemplo, mas só aos poucos conseguimos ir localizando as melhores, em locais muito diferentes da cidade. Em termos musicais, a desilusão e o desafio são equivalentes. As lojas de música estão a desaparecer. O abastecimento é garantido por um conjunto muito disperso e reduzido de espaços independentes. A Rough Trade tem duas bases, nas zonas leste e oeste da cidade, junto aos pontos nevrálgicos de Brick Lane e de Portobello Road. Na Berwick Street, em pleno Soho, com um nome que evoca uma canção dos Velvet Underground - de que os Joy Division fizeram uma versão melhorada -, fica a Sister Ray. É um espaço escuro e despretensioso, com filas e filas de capas de CDs e de LPs de vinyl. Ao contrário das grandes cadeias de lojas, funciona quase como uma máquina do tempo, com muitas novidades mas também álbuns de bandas já desaparecidas ou perpétuas. A secção de pós-punk é, enfim, demasiado extensa para apenas uma hora de almoço. Comprei um pouco de Siouxsie and the Banshees, The Fall e Sonic Youth. Depois, de fato e gravata, caminhei pelas ruas sujas do Soho com a letra repetitiva da canção na cabeça: «Had a good night, had a good night, just like Sister Ray says...»


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