Com os anos, a acumulação de mortes cinematográficas torna-nos resistentes às imagens mais violentas. Num século de cinema, nenhuma forma de morte humana deixou de ser recriada, mas sempre de modo ficcional. Os animais não tiveram a mesma sorte. Não há filme que me tenha aproximado mais do vegetarianismo do que Num Ano de Treze Luas (1978) de Fassbinder, no qual Elvira profere um longo monólogo enquanto caminha por um matadouro. As vacas são abatidas em directo de forma sequencial e mecanizada por funcionários abstraídos da extrema violência dos seus actos. Na verdade, o sacrifício de bovinos tem uma longa tradição na história do cinema. No final de Greve (1925) de Eisenstein, as imagens do abate real de uma vaca são intercaladas de modo simbólico com as da carga policial sobre os operários em greve. Desaconselho vivamente qualquer dos filmes a quem (como eu) prefira as suas vacas em forma de bitoque.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
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