segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os ingleses estão a esforçar-se para que eu não tenha saudades de casa. Não há jornal ou ecrã de televisão em que não apareçam as seis letras da palavra Lisbon. E nem o facto de, em geral, a utilizarem como um insulto - por se referir ao Tratado -, me deixa menos satisfeito. Os jornais conservadores usam o nome da nossa cidade como se fosse o de uma batalha perdida da Guerra dos Cem Anos. Para muitos deles, a Europa só começa do outro lado do Canal e olham com desconfiança tudo o que o tente atravessar, seja navios espanhóis ou regulamentos de Bruxelas. Nos últimos tempos, por exemplo, esgotaram-se as lâmpadas incandescentes nas lojas, por se ter sabido que a legislação europeia vai proibir que sejam comercializadas. A ideia de que a medida pode ser boa, por reduzir o desperdício energético, é afastada logo à partida pela proveniência. Tenho a certeza de que muitos britânicos não se importariam de passar as próximas semanas a acender milhares de lâmpadas de 60 watts ao longo da costa, para que em Calais percebessem o que pensam das ideias luminosas da Comissão Europeia.

(Dito isto, diverte-me bastante observar o espírito independente dos britânicos.)

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