sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Invasões bárbaras
Assim como nos dizemos Lusitanos e provavelmente somos descendentes de um qualquer outro povo que os combateu, expulsou ou sucedeu, também é difícil definir os londrinos. Há muito que os ingleses abandonaram a cidade. No nosso prédio, por exemplo, só existe uma família inglesa. Depois, para além de nós, portugueses, há um belga casado com uma holandesa e seus três filhos, uma mexicana casada com um alemão, uma indiana e um grego. O barbeiro a que fui cortar o cabelo está em Londres há quarenta anos, mas todos os anos passa férias na sua Puglia (Itália) natal (o calcanhar da bota, diz, apontando para o seu próprio calcanhar), a educadora da L. é eslovaca (Aga, de Agnieska), nos parques as crianças falam francês, italiano e russo e muitos dos empregados do comércio são portugueses. Só os motoristas de táxi (sobre os quais espero falar-vos mais tarde) são, na sua maioria, britânicos. A cidade foi internacionalizada. Poderia ter dito, tomada pelos bárbaros, não fosse a expressão ser pejorativa e eu ser um deles. Mas, ao contrário de Babel, onde a multiplicidade das línguas gerou a discórdia, todos acabam por encontrar forma de se entender e de ir construindo a Torre, a que podemos chamar de Londres.
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3 comentários:
Não posso deixar de sentir inveja. Só um bocadinho, da boa, não daquela que deixa as pessoas amargas e ocas. e fico mais descansada também. Os 4 náufragos vão ser felizes. beijos grandes.
ana lu
O teu prédio é um anúncio da Benetton.
Fico à espera do relato sobre a tua experiência com os taxistas. Seja em que pais for, são experiências fantásticas:)
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