segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Adaptador


Uma mudança para o Reino Unido não é acompanhada por um grande choque cultural. A maioria de nós passou a infância a ler livros d’Os Cinco e a adolescência a ouvir músicas dos Happy Mondays, The Smiths e The Cure. É provável que nunca tenhamos comido um pequeno-almoço inglês, mas não ficamos espantados por ver um prato com ovos estrelados e feijões com molho doce antes das dez da manhã. É nos pormenores que os britânicos nos apanham desprevenidos. Quando tentamos ligar uma ficha à corrente, parece que a tomada, com três pinos, nos grita: «–This is not bloody France». Temos também de raciocinar rápido e, quando uma placa nos diz que faltam três milhas para a próxima saída da auto-estrada, calcular se é cedo ou tarde para começar a desacelerar. Como trouxe comigo o meu automóvel com volante do lado certo, quando chego a um parque de estacionamento, tenho de retirar o cinto, atravessar o lugar do morto com o braço e esticar-me ao máximo para conseguir retirar o ticket com a ponta do pai-de-todos e do fura-bolos. Quando o lugar do passageiro está ocupado a situação é mais embaraçosa ou agradável, dependendo da companhia.

3 comentários:

zp disse...

Na Graça, em Lisboa, o pai-de-todos tinha o nome de mal-criado.

Joana disse...

Há uma perspectiva positiva no meio destas diferenças. É que quando me dizem o meu peso no médico, não faço ideia de quanto seja e não fico deprimida.

Anónimo disse...

Passei por uma situação semelhante quando já estava muito grávida e o vidro e a porta do lado do condutor avariaram. Só falta dizer que estaciono o carro todos os dias num parque de estacionamento...
:), Susana