A Câmara de Londres montou um sistema público de bicicletas, muito prático e barato. A promoção foi feita pelo próprio Mayor de Londres, Boris Johnson, o segundo presidente de câmara com mais piada que já tive, depois de Santana Lopes. Encomendei a minha chave de acesso pela internet e, no sábado, quando chegou por correio, fui dar uma volta pelo bairro, acompanhado pela L., veloz ao meu lado pelo passeio na sua trotineta. Lembro-me perfeitamente de ter aprendido a pedalar na bicicleta emprestada do Pedro e incentivado pelos conselhos do Jorge, um vizinho alguns anos mais velho: «-Olha para a frente, não olhes para a roda.» Os londrinos, como quase todos os habitantes do norte da Europa, são grandes adeptos do uso da bicicleta. É frequente ver senhores com pose aristocrática e fato completo a caminho do trabalho montados numa ou mães com sistemas complexos para transportarem bebés. Criado no sul, confesso que estava habituado a encarar as bicicletas como uma primeira etapa rumo a algo maior, mais potente, com mais rodas, jantes de liga leve e estofos de cabedal. Agora, é possível que me vejam de vez em quando a pedalar em direcção ao pôr-do-sol, até desaparecer por entre as multidões que cruzam as ruas de Londres, em todas as direcções, de modo constante, aleatório, coordenado.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
A Câmara de Londres montou um sistema público de bicicletas, muito prático e barato. A promoção foi feita pelo próprio Mayor de Londres, Boris Johnson, o segundo presidente de câmara com mais piada que já tive, depois de Santana Lopes. Encomendei a minha chave de acesso pela internet e, no sábado, quando chegou por correio, fui dar uma volta pelo bairro, acompanhado pela L., veloz ao meu lado pelo passeio na sua trotineta. Lembro-me perfeitamente de ter aprendido a pedalar na bicicleta emprestada do Pedro e incentivado pelos conselhos do Jorge, um vizinho alguns anos mais velho: «-Olha para a frente, não olhes para a roda.» Os londrinos, como quase todos os habitantes do norte da Europa, são grandes adeptos do uso da bicicleta. É frequente ver senhores com pose aristocrática e fato completo a caminho do trabalho montados numa ou mães com sistemas complexos para transportarem bebés. Criado no sul, confesso que estava habituado a encarar as bicicletas como uma primeira etapa rumo a algo maior, mais potente, com mais rodas, jantes de liga leve e estofos de cabedal. Agora, é possível que me vejam de vez em quando a pedalar em direcção ao pôr-do-sol, até desaparecer por entre as multidões que cruzam as ruas de Londres, em todas as direcções, de modo constante, aleatório, coordenado.
domingo, 19 de setembro de 2010
Rescaldo do jogo
Dishes, The Pulp
Stars and Sons, Broken Social Scene
Suburban War, Arcade Fire
Obstacle 1, Interpol
I Dreamed I Dream, Sonic Youth
Night Time, Bauhaus
The Cutter, Echo & the Bunnyman
Subterranean Homesick Alien, Radiohead
Runaway, The National
...
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Quatro Quartetos
The inner freedom from the practical desire,
A white light still and moving,
Distracted from distraction by distraction,
At the still point of the turning world.
O livro não tem assinatura nem dedicatória e por isso é impossível descobrir o leitor que construiu este poema no interior do poema.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Pedalar sem mãos
domingo, 5 de setembro de 2010
Depois de quatro semanas divididas entre o Alentejo, Lisboa, Trás-os-Montes e o Douro Litoral, regressei a Londres para uma semana de chuva contínua. No fim-de-semana, quando o tempo melhorou, fui visitar Primrose Hill, na zona norte de Londres. O pretexto foi uma peregrinação à casa onde viveu Sylvia Plath, com os seus dois filhos, e onde se suicidou com a cabeça enfiada no fogão. Levava a morada anotada num papel e fiquei dois ou três minutos em frente ao 23 de Fitzroy Road, apenas o tempo suficiente para satisfazer a curiosidade de turista, antes de me voltar a embrenhar pelas ruas calmas do bairro. Andei perdido e desci gradualmente de Belzise até à agitação de Camden Town. Num alfarrabista do Stables Market andei com a cabeça inclinada pelas lombadas à procura de um livro de Plath, que não encontrei, e em vez disso trouxe uma edição antiga de Four Quartets de T. S. Eliot e, por recomendação do dono, um livro de John Betjeman, de quem não gosto particularmente, para ser simpático e porque custava só cinco libras. Ao sair, recomeçou novamente a chover e apressei o passo com os dois livros a proteger a cabeça, para me relembrar da utilidade da poesia.
