domingo, 5 de setembro de 2010

Depois de quatro semanas divididas entre o Alentejo, Lisboa, Trás-os-Montes e o Douro Litoral, regressei a Londres para uma semana de chuva contínua. No fim-de-semana, quando o tempo melhorou, fui visitar Primrose Hill, na zona norte de Londres. O pretexto foi uma peregrinação à casa onde viveu Sylvia Plath, com os seus dois filhos, e onde se suicidou com a cabeça enfiada no fogão. Levava a morada anotada num papel e fiquei dois ou três minutos em frente ao 23 de Fitzroy Road, apenas o tempo suficiente para satisfazer a curiosidade de turista, antes de me voltar a embrenhar pelas ruas calmas do bairro. Andei perdido e desci gradualmente de Belzise até à agitação de Camden Town. Num alfarrabista do Stables Market andei com a cabeça inclinada pelas lombadas à procura de um livro de Plath, que não encontrei, e em vez disso trouxe uma edição antiga de Four Quartets de T. S. Eliot e, por recomendação do dono, um livro de John Betjeman, de quem não gosto particularmente, para ser simpático e porque custava só cinco libras. Ao sair, recomeçou novamente a chover e apressei o passo com os dois livros a proteger a cabeça, para me relembrar da utilidade da poesia.

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